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Técnicas de Sobrevivência: A Psicologia da Sobrevivência

Quando falamos de sobrevivência, o principal assunto que nos vem em mente é “conhecimento de técnicas de sobrevivência”. Porém este é o menor de todos os problemas para uma pessoa que encontra-se em situação de risco.

Um dos grandes fatores que é sempre citado em livros e manuais, é o fator psicológico. O fato de ter de lidar com situações adversas e inesperadas. Acidentes, mortes ou grandes riscos. É aí que tem inicio os maiores teste de sobrevivência. A sobrevivência emocional e a sobrevivência mental.

Alguns podem dizer que a saúde e o controle mental e emocional de nada servem se você não estiver preparado fisica e tecnicamente. A estes digo que, visualizo maiores possibilidades de sobrevivência a um indivíduo que não detém conhecimentos técnicos, porém consegue lidar com o fato e todos os pesos da situação. Diferente de alguém que possa estar extremamente preparado tecnicamente e não possuim nenhum controle sobre suas emoções.

O primeiro, mesmo sem conhecimentos, conseguiria analizar toda sua situação e as possibilidades e, a partir disso, descobrir as melhores formas para se adaptar e conseguir transpor as dificuldades. Já o segundo indivíduo poderia facilmente entrar em pânico ou choque. O nervosismo e o medo poderiam tomar conta de tal forma que ele não saberia o que fazer. Todo conhecimento técnico seria em vão.

A Vontade de Sobreviver

Me permitam transcrever aqui um trecho de um manual de sobrevivência que explica de forma perfeita este item que é o mais importante de todos. Manter-se vivo e manter a vontade de viver.

*“Os corredores de fundo e meio-fundo falam de «O Urso» que os obceca. Após ter percorrido escassas centenas de metros, o corredor perde a passada, abandona a posição típica de corredor e começa a abrandar de maneira evidente. Dominado pela dor, ou pelas cãibras, ou pela fadiga, perdeu a vontade de vencer.

Em situações de sobrevivência sucede muitas vezes o mesmo fenómeno, só que neste caso a questão é muito mais importante que ganhar ou perder uma prova de atletismo. Há casos registados de pessoas que foram recuperadas e tratadas de todas as doenças e que, depois, morreram no hospital. Tinham perdido a vontade de viver. As experiências de centenas de militares isolados em combate na segunda guerra mundial, na Coreia e no Vietname demonstram que a sobrevivência é, fundamentalmente, uma questão de perspectiva mental. A vontade de sobreviver é o factor mais importante. Quer esteja integrado num grupo ou sozinho, experimentará problemas emocionais derivados do choque, do medo, do desespero e da solidão. Para além destes perigos mentais, a lesão e a dor, a fadiga, a fome ou a sede pesam na vontade de viver. Se não estiver mentalmente preparado para vencer todos os obstáculos e esperar o pior, as hipóteses de sair com vida são grandemente reduzidas.”*

Esteja Preparado

Ao ler este título, meu pensamento voa instantâneamente para o lema do Movimento Escoteiro “Sempre Alerta” que nos EUA é “Be prepaired”.

Uma viagem a algum grande parque ou reserva, um passeio de barco ou avião, um acampamento, podem tornar-se uma situação de risco. Um acidente, descuido ou distração podem colocálo em uma situação delicada.

Esteja preparado…

  • tenha em mente que você está se colocando em situações que envolvem riscos. Não se espante quando encontrar-se nesta situação

  • monte um pequeno kit, leve-o sempre consigo.

  • estude. Prepare seu psicológico, mas prepare seu lado técnico. Quanto mais conhecimento, mais confiança.

  • cante!… moral baixa só serve para enfraquecer o lado psicológico.

Solidão

Quem já acampou sozinho sabe o que estou falando, principalmente durante a noite. É um sentimento que se aproxima sorrateiramente e quando nos damos conta ele nos dominou.

Novamente tomo a liberdade de citar um trecho de um manual de sobrevivência:

*“A solidão e o aborrecimento são os meios-irmãos do medo e do pânico. Ao contrário deste último, não surgem súbita e furiosamente, mas lenta e desapercebidamente, normalmente depois de se terem executado todas as tarefas básicas de sobrevivência e de as necessidades básicas - água, comida, abrigo e vestuário - terem sido satisfeitas. A solidão e o aborrecimento podem conduzir à depressão e minarem a vontade de sobreviver.

0 antídoto psicológico para a solidão e para o aborrecimento é o mesmo que para o medo e o pânico: manter o espirito ocupado. Estabeleça prioridades e tarefas que minimizem o desconforto, melhorem as possibilidades de recolha e preparem a sobrevivência para um extenso período de tempo. Considere as emergências inesperadas, embora possíveis, como operações de contingência e conceba planos e tarefas para lhes fazer frente.

Estabeleça um programa. Um programa não é apenas uma forma de segurança; ocupa o espírito com as tarefas a executar. Fixe tarefas de longa duração, tais como a construção de um abrigo «permanente» e outras que têm de ser repetidas todos os dias, tal como escrever um diário.

A solidão e o aborrecimento apenas podem existir na ausência de um pensamento e acção positivos. Numa situação de sobrevivência há sempre imenso trabalho que precisa de ser executado.”*

Considerações

Vou encerrando este texto por aqui. Mesmo sabendo que ainda existe muito a ser dito. Muitas coisas aqui escritas expressam minha opinião e não devem ser tomadas como regra. Coloquem-se em situações controladas de sobrevivência e verão como muitos sentimentos já afloram e dominam. Com isto se descobre seus próprios pontos fracos e descobrimos onde temos que trabalhar.